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  • Foto do escritorMaturity Concierge Luciene Bottiglieri

Para missa, médico ou cinema, agências oferecem serviço de companhia a idosos.

Júlia Marques, O Estado de S.Paulo

10 de agosto de 2019 | 20h20


Sempre que precisa ir ao médico para um exame nos olhos, Amarylis Ferreira, de 80 anos, tem companhia. Mas não da filha ou de um neto. Quem a ampara é uma “concierge”. A palavra francesa é requintada, mas revela uma necessidade corriqueira: a de evitar a solidão e proporcionar autonomia a idosos saudáveis no cenário de aumento da longevidade no Brasil


“Ela faz toda parte que minhas filhas fariam se não tivessem de trabalhar. Ajuda a entrar no carro, ouve o que o médico tem a dizer para ver se não esqueço nada”, conta Amarylis. “Não é uma pessoa que fiscaliza, mas ajuda a ter noção do que está acontecendo. A gente sente que está mais dona de si.” 


Luciene, concierge, acompanha Amarylis de 80 anos em passeios e consultas médicas. Foto: Daniel Teixeira

Difundidos no exterior, em países como Inglaterra e Estados Unidos, serviços de concierge para idosos chegam ao Brasil atrás de uma fatia do mercado que não para de crescer. As iniciativas se destinam a idosos sem limitações físicas ou cognitivas graves, mas que desejam apoio para continuar fazendo atividades, como ir à feira, consultas, gerir contas ou passear. A contratação quase sempre parte dos filhos, atarefados com crianças ou o trabalho. 

“Minha mãe estava muito fechada em casa”, diz Cristina Ferreira, de 57 anos, filha de Amarylis. Recepcionista, está sempre ocupada com o trabalho ou atividades voluntárias. Já a irmã passa o dia todo no serviço. Antes das idas ao médico, Amarylis começou a sair com a concierge para escapadas culturais e aventuras gastronômicas, em grupos pequenos – outras idosas, também clientes da assessora contratada, podem se juntar ao programa. “Passeio com filho é bom, mas fica restrito ao assunto familiar”, diz. “(No grupo da concierge) ninguém critica, dosa. A família fica sabendo o que eu quiser contar.” 

Luciene Bottiglieri, de 48 anos, atua como concierge na zona sul de São Paulo desde 2018. Os serviços, pagos por hora (três horas saem por R$ 230), podem incluir de aulas para desvendar o WhatsApp a companhia para caminhadas. “O idoso não quer só artesanato. Ele está no Facebook, Instagram, quer novidades”, afirma. Luciene já levou um grupo para conhecer um cabaré underground no centro – e também foi acompanhante em eventos tradicionais, como a missa de domingo. 

“Meu pai é bastante católico, mas nós (filhos) não temos o hábito de frequentar missas. Ele se sentia mal de ir conosco, sabia que não era interesse nosso. E eu me sentia mal porque sabia que ele gostaria de ir”, diz Regina Salvetti, de 60 anos, filha de Fortunato Oliveira, de 94. Viúvo, ele é lúcido – lê jornais todos os dias –, mas caminha com dificuldade. 

Bilíngue e formada em Administração, Luciene se vale da experiência que teve ao cuidar dos pais. Há concierges autônomos, como ela....


Autor: Júlia Marques/ Estadão

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